quarta-feira, 3 de julho de 2013

Evangélicos e Evangelho: parâmetros bíblicos do que é o Evangelho – parte 2


Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. Romanos 1:16.

         Anteriormente, definimos que evangélico é todo aquele que crê, defende, propaga e vive o Evangelho de Jesus. Nem todos aqueles cristãos que não são católicos podem realmente ser considerados evangélicos. A resposta à pergunta o que é o Evangelho se torna imprescindivel para localizarmos os evangélicos de fato e de direito do nosso tempo.
        
         Para conceitualizar Evangelho devemos procurar os parâmetros bíblicos do que é o Evangelho. Em outras palavras, o que e como a Bíblia apresenta o Evangelho de Deus; quais são os parâmetros do Novo Testamento para nos aproximarmos do verdadeiro, único e real Evangelho.
        
         Em primeiro lugar, vamos identificar alguns falsos evangelhos da atualidade. Em segundo lugar, vamos em busca de um referencial bíblico para nos explicar o que é o Evangelho.
        
         Mark Dever em Nove Marcas de uma Igreja Saudável vai contribuir com nossa investigação inicial sobre falsas concepções:
·      Deus quer nos tornar ricos, o evangelho da prosperidade;
·      Deus é amor e todos vão para o céu, o evangelho do universalismo;
·      Devemos viver corretamente, o evangelho da religião moralista;
·      Jesus veio apenas para transformar a sociedade, o evangelho transformacionalista;
·      Jesus veio exclusivamente para salvar os pobres da opressão do sistema, o evangelho da libertação;
·      A igreja vive de revelações do future e palavras de supostos profetas, o evangelho do misticismo e do culto à celebridade;

         O Evangelho de Cristo de uma forma ou de outra pode incluir alguns destes assuntos, não necessariamente em sua forma pura como seus evangelistas afirmam. Porém, é certo que nenhum destes evangelhos citados acima são em sua essencia o mesmo apresentado por Jesus Cristo e seus apóstolos.
        
         Creio que a carta de Paulo a Roma é uma das bases para encontrarmos uma explicação clara do que é o Evangelho. Principalmente os capítulos 1 a 4. Diferente de muitos supostos evangélicos de hoje, em sua carta aos romanos Paulo não queria que eles soubessem mais se ele pregava bem, se vestia-se bem ou se citava versículos de cor. Ele queria que os irmãos de Roma o conhecessem por sua mensagem. Sua mensagem era o Evangelho de Cristo Jesus.

         Paulo começa ensinando que as pessoas são responsáveis diante de Deus. “Portanto, a ira de Deus é revelada do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça, pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou” (Rm 1.18).
        
         Em seguida, ele afirma que o problema central da humanidade chama-se pecado. “[…] e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis. Por isso Deus os entregou à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos dos seus corações, para a degradação dos seus corpos entre si. Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém” (Rm 1.23).
        
         Paulo argumenta a responsabilidade humana e o problema do pecado originado pelo mau uso da liberdade de Adão e Eva no Éden – consequentemente e potencialmente toda a humanidade com eles – com a finalidade de nos introduzir no que podemos chamar de a boa notícia, literalmente, o Evangelho. A solução para o pecado humano é a morte sacrificial de Jesus Cristo e sua ressurreição corporea ao terceiro dia. Paulo vai fixar como o evento central da história da humanidade a obra redentora de Cristo na cruz e sua ressurreição. Romanos 3.21 é sua base para apresentar a boa notícia para todos nós: “Mas agora se manifestou uma justiça que provém de Deus, independente da lei, da qual testemunham a Lei e os Profetas, justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo para todos os que crêem. Não há distinção, pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus”.
        
         Finalmente, Paulo vai ensinar seus leitores e todos nós como podemos ser incluídos nesta solução de Deus para o pecado por meio do arrependimento e fé em Cristo. Romanos 3.22 e 4.5 fazem eco com Marcos 1.15: por meio do arrependimento e da fé em Jesus a obra vicária de Cristo é aplicada em nossa vida.
        
         Como podemos saber se tal grupo ou evangelista é realmente evangélico: poderemos identificar no cerne de sua vida e mensagem o Evangelho tal como nos é apresentado na Bíblia. Em outras palavras, toda e qualquer definição do Evangelho de Cristo deve passar nos seguintes critérios, isto é, deve constar tais convicções básicas:
·      Se todos somos criaturas de Deus e, em Adão fizemos mal uso de nossa responsabilidade diante do Criador;
·      Se por causa deste mau uso da liberdade outorgada às criaturas, o pecado foi concebido: o Evangelho emite uma má notícia antes da boa, pois todos pecamos e somos pecadores;
·      Se o centro da boa notícia é a centralidade da cruz e da ressurreição, isto é, Cristo e sua obra redentora e não o ser humano ou os próprios beneficios de uma vida abençoada;
·      Se neste Evangelho todo ser humano pode ser incluído por meio do arrependimento e fé genuínas.

         Que Deus nos ajude a compreender e viver o verdadeiro Evangelho e a responder a razão de nossa esperança a cada dia em nosso ministério. E nos capacite a ensinarmos as gerações seguintes a fazer o mesmo. Que Deus nos ajude a não sermos enganados por doutrinas de demonios nem por falsos evangelistas disfarçados de anjos de luz; mas nos dê a graça e a capacitação para desenvolvermos nossas convicções à luz das Escrituras muito mais que os modismos e tendências das personalidades religiosas que gostamos.
        
         Podemos começar tudo isso seguindo o conselho de Paulo: “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anatema” (Gl 1.8).
        
         A Deus toda a glória.


        




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